Nessa segunda-feira (25) deu-se início à semana de abordagem. O Instrutor, Cap. Carlos Farias, deu ênfase à abordagem a veículos.
Participaram da instrução um total de 22 (vinte e dois) homens do efetivo da primeira e segunda companhias do 5º BPM.
ABORDAGEM DE VEÍCULOS
Introdução:
A abordagem de veículos é uma das tarefas mais difíceis na ação policial. As ações do
marginal no interior do veículo não são observadas facilmente pelo policial e a própria carroceria do
automóvel oferece proteção contra a polícia.
Importa salientar que poderão existir no interior do veículo cidadãos tomados como reféns, o
que exige do policial militar cuidado e discernimento na tomada de decisão.
1 – ABORDAGEM DE VEÍCULOS – ASPECTOS TEÓRICOS.
Inicialmente, tenha em mente a fundada suspeita, para respaldar a sua ação e diante da tal
situação, decidindo pela abordagem, comunique ao Centro de Operações, informando inclusive a placa
do veículo;
Nunca ultrapasse o veículo a ser abordado;
Aborde sempre em superioridade numérica. Não havendo tal possibilidade, faça contato via
rádio com o Centro de Operações e solicite apoio ou que seja realizado um cerco;
LEMBRE-SE
A FASE MAIS ARRISCADA DA ABORDAGEM ESTÁ NO MOMENTO DE FAZER O VEÍCULO PARAR. UM VEÍCULO COM MARGINAIS ARMADOS COM CERTEZA NÃO OBEDECERÁ.
Lembre-se sempre que não há perseguição, na realidade, nos casos em que o veículo a ser
abordado, não atenda a ordem de parar para a abordagem, o que deve ser feito é um acompanhamento,
sem perder o veículo do contato visual para abastecer o Centro de Operações com informações que
possibilitem o cerco ao veículo;
Especialmente nos casos em que a velocidade for muito superior ao permitida para aquela via
e possa colocar em risco a vida dos policiais e cidadãos tendo em vista as manobras arriscadas que
fatalmente ocorrerão.
Cuidado especial com as mãos do cidadão a ser abordado. Vigie sempre, mesmo ferida,
aproximando-se de forma que o cidadão a ser abordado; vire-se para vê-lo;
À noite, acenda os faróis altos, direcionados para o interior do veículo suspeito e desça com a
lanterna afastada do corpo, com os braços esticados lateralmente.
Utilize o gradiente do uso da força, no qual a simples ação de policiamento ostensivo importa
no primeiro nível do uso da força, impedindo que o fato ocorra. Nos casos em que há a necessidade de
realizar a abordagem, passamos para o segundo nível do uso da força, qual seja: a Verbalização.
Ao verbalizar com o cidadão a ser abordado, empregue um tom de voz firme e calmo; e use
palavras que sugiram inatividade;
• PARE!
• ENCOSTE À DIREITA OU À ESQUERDA;
• DESLIGUE O CARRO;
• MÃOS NO VIDRO, ETC.
LEMBRE-SE
NA ABORDAGEM DEVERÁ HAVER UNIDADE DE COMANDO, OU SEJA, APENAS O COMANDANTE DETERMINA O QUE DEVE SER REALIZADO PELO ABORDADO.
O policial deve se mostrar sereno, mas firme em suas atitudes. Deve estar pronto para reagir
ao menor sinal de agressão por parte dos criminosos. Nunca aceite uma rendição verbal.
Caso encontre uma arma com o suspeito, continue a revista, pois ele poderá estar com uma
segunda, ou quem sabe, até uma terceira arma. Nunca subestime o indivíduo.
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Desconfie de todo movimento que não tenha sido ordenado por você, durante a abordagem o
suspeito só deverá se mover mediante ordem. Ex.: levantar os braços para facilitar a revista, sentar-se
sem ser determinado pelo policial, por a mão no bolso alegando pegar documentos, etc.
LEMBRE-SE
SÓ ATIRE NO CASO DE LEGÍTIMA DEFESA DE SUA VIDA OU DE OUTREM; CONTUDO, NA MAIORIA DAS VEZES PODERÁ HAVER PESSOAS EM PODER DOS MARGINAIS, NESSA SITUAÇÃO O POLICIAL MILITAR DEVERÁ MANTER-SE ABRIGADO E NÃO FAZER O USO DA FORÇA LETAL, BUSCANDO REALIZAR O CERCO.
Jamais esqueça da segurança de área, pois o veículo suspeito poderá estar com outro veículo
na cobertura;
O bom policial não discute nem agride o preso, prende-o e o conduz à delegacia;
Procure trazer a opinião pública para o lado da polícia militar, isso facilitará o seu trabalho,
seja enérgico sem ser grosseiro;
Caso haja dois autos suspeitos, aborde o último;
Procure posicionar-se, sempre, dificultando uma possível reação dos suspeitos. Diminua sua
silhueta.
2 – TÉCNICAS DE ABORDAGEM A VEÍCULOS
De forma didática, estudaremos a abordagem de veículos em uma viatura com cinco policiais
militares com o equipamento previsto para a execução do serviço:
No banco dianteiro, ao volante, senta-se o motorista patrulheiro;
Ao lado do motorista, senta-se o Comandante da guarnição;
No banco traseiro da viatura sentam-se os outros três policiais dispostos conforme se segue:
atrás do motorista, senta-se o subcomandante.
Atrás do comandante, senta-se o patrulheiro nº. 02;
Entre o Subcomandante e o soldado nº 02, senta-se o soldado nº 01, que será o homem
encarregado da revista pessoal dos suspeitos e, também do veículo abordado,
Caso algum componente da equipe visualize um veículo suspeito, de imediato dirá o motivo
de sua observação ao comandante da guarnição e este após a avaliar, determinará a abordagem, que se
desencadeará da seguinte forma:
O Comandante da guarnição determinará que seu motorista alcance o veículo suspeito pelo
lado esquerdo. Este acenderá o giroscópio e dará um leve toque na sirene, para chamar a atenção do
motorista do veículo suspeito e o Comandante da guarnição determinará que ele encoste o seu veículo
à direita.
LEMBRE-SE
A SIRENE LIGADA, CONTINUAMENTE, ABAFARÁ A VOZ DO POLICIAL IMPEDINDO QUE O MOTORISTA DO VEÍCULO OUÇA AS SUAS ORDENS.
QUEM ESCOLHE O LOCAL DA ABORDAGEM É A POLÍCIA E NÃO O MOTORISTA DO VEÍCULO SUSPEITO.
Alcançado o veículo suspeito, o policial militar motorista alinha a roda dianteira direita da
viatura com a roda traseira do lado esquerdo do veículo suspeito.
Em tons claros, serenos e enérgicos, o Cmt determina que o motorista do veículo suspeito
encoste à direita e pare. Ato contínuo determina que os ocupantes coloquem as mãos em locais onde
possam ser vistas pela guarnição.
O Comandante deverá estar com sua arma em condições de repelir qualquer reação por parte
dos abordados, com o intuito de desestimulá-los a oferecer resistência.
Quando a viatura e o veículo a ser abordado estiverem parados, o Cmt da guarnição,
embarcada, mas com as portas entreabertas, ordenará ao motorista do veículo suspeito que desligue o
carro e abaixe todos os vidros saindo com a chave na mão e determinando em seguida que todos os
ocupantes do veículo ponham as mãos em local visível;
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Nesse momento toda a guarnição desembarca e se posiciona próximo a viatura;
O motorista da viatura posiciona-se em posição de tiro de cobertura, usando o vão da sua porta
e a carroceria da vtr, durante o deslocamento da guarnição para as suas posições;
O Comandante posiciona-se em posição de tiro de cobertura, usando o vão da sua porta e a
carroceria da vtr e os patrulheiros 1 e 2 desembarcam pela direita da viatura, ficando uma ao lado do
outro na posição torre ou de forma mais adequada a situação;
O subcomandante desembarca pela esquerda e faz a segurança da retaguarda;
Todos os abrigos naturais ou artificiais, se existirem, deverão ser aproveitados, devendo-se
tomar os devidos cuidados para que não haja cruzamento de linha de fogo entre os policiais;
Após essa tomada de posição, o Comandante da guarnição ordenará aos ocupantes do veículo
suspeito que desçam todos pela direita do veículo, de acordo com o estudo de situação do comandante,
um a um;
Quando os suspeitos desembarcarem deverão por as mãos sobre o teto do carro em que
estavam ou contra uma parede ou muro (caso haja) ou ficarem com as mãos na cabeça para que sejam
revistados;
Quando todos os ocupantes estiverem em posição de revista, o Comandante ordenará ao
motorista do carro abordado que se coloque junto aos seus companheiros, deixando as portas do lado
esquerdo abertas e passando, obrigatoriamente, pela retaguarda do seu carro, para que também seja
revistado.
Só após todos ocupantes do auto abordado estarem em posição é que o motorista da viatura
fará um deslocamento em direção ao veículo abordado realizando inspeção visual na parte interna do
mesmo (o policial usará a coluna do auto como sua proteção) e não havendo nenhum sinal de perigo
diz em voz alta: “limpo”.
Após o “limpo” do motorista, o mesmo retorna para próximo da viatura e passa a fazer a
segurança frontal;
O Comandante determina, então, a revista. Partindo o patrulheiro 2 para a revista e o 1 realiza
a segurança da revista;
O comandante fica livre para observar a revista e manter o controle e supervisão da ação;
LEMBRE-SE NOS CASOS EM QUE A GUARNIÇÃO SEJA COMPOSTA POR QUATRO POLICIAIS O COMANDANTE FAZ A SEGURANÇA DA REVISTA, POIS DESSA FORMA CONTINUA EXERCENDO O CONTROLE DA AÇÃO.
Antes de aproximar - se do elemento a ser abordado o policial, verbalmente, o posiciona em
desequilíbrio para, então, aproximar - se, segurar firmemente seu braço e fazer a revista apenas com a
uma das mãos, sem largar o braço do suspeito. O suspeito a ser revistado deverá se posicionar com as
duas mãos apoiadas no capot do carro, (ou em uma parede) pela lateral, com as pernas afastadas entre
si e do veículo, de forma que fique em desequilíbrio.
Em momento algum o segurança da revista abandona a empunhadura da arma e a visada dos
revistados para fazer qualquer tipo de gestos.
Durante a revista de cada suspeito, caso o policial encontre uma arma, deverá falar alto:
“ARMA!” Retirando-a da posse do indivíduo e, após desmuniciá-la jogar próximo a um companheiro
que lhe dá cobertura, para, em seguida, retornar a procurar uma outra ou, quem sabe, outras armas em
poder do suspeito;
Após a revista pessoal em todos os elementos, fará uma revista no interior do carro, na procura
de qualquer produto de crime, acompanhado pelo proprietário do veículo, ficando, assim, restritas,
possíveis acusações de irregularidades por parte dos policiais.
O proprietário não deve ficar muito próximo do policial que realiza a revista, esta distância
deve ser o bastante para que ele veja os movimentos do policial no interior do seu veículo sem
possibilitar-lhe puxar a arma do agente, caso tenha algo pendente com a justiça;
Disponível em:<https://pt.scribd.com/document/55202645/abordagem-de-veiculos>. Acesso em 25 fev 2019.